INSULINA
insulina é um hormônio produzido no pâncreas,
sendo o hormônio regulador do metabolismo
energético mais importante do organismo.
Exerce múltiplas ações sobre o metabolismo e o
crescimento celular. A insulina transporta prote-
ínas (aminoácidos) e carboidratos (glicose) para
várias células do corpo.
Em termos simples, quando tomamos um copo
de suco de laranja, este suco é processado pelo
seu sistema digestivo e transformado de frutose
em uma forma de açúcar simples denominado de
glicose. O aumento da concentração de glucose
no sangue provoca a secreção da insulina perfundida
em 30-50 segundos. Não é só a ingestão
de açucares que provoca a liberação de insulina,
como muitos ainda pensam; os aminoácidos provenientes
da ingestão de proteínas também acionam
a insulina, mas em quantidade menor.
A quantidade de insulina liberada na corrente
sanguínea é proporcional à quantidade de alimento
ingerido e também é relativa ao tipo de alimento
que se consome. Esta resposta é plotada em um
gráfico denominado índice glicêmico. Carboidratos
complexos tais como a batata, arroz e macarrão
têm baixo índice glicêmico, enquanto carboidratos
simples como açúcar de mesa e glicose têm alto
índice glicêmico.
Mas afinal, depois de todo este tecnicismo,
qual é a real importância deste hormônio para
nos culturistas ?
Ocorre que a insulina tem um efeito anabólico
e anti-catabólico: anabólico porque aumenta o
transporte de aminoácidos, principalmente os de
cadeia ramificada (BCAA), para dentro do músculo
e anti-catabólico porque previne a quebra de
proteínas intramusculares. A síntese de glicogênio
também depende da insulina para transportar a
glicose para dentro do músculo, a fim de promover
recuperação tecidual após exercício físico. Estes
efeitos da insulina criam um perfeito ambiente metabólico
para o crescimento e reparação tecidual.
Mas ainda não é tão simples assim; ocorre que
a insulina pode ser uma faca de dois gumes, ou de
dois legumes, como dizem alguns culturistas mais
chucros. Isto porque a insulina pode estimular o
armazenamento de gordura e a produção de lipoproteína
lipase (LPL), uma enzima que também
trabalha no armazenamento de gordura. Quando
aumentam os depósitos de gordura, tanto a insulina
quanto a LPL são liberadas mais facilmente e
em maior quantidade.
Por outro lado, a ausência de níveis adequados
de glicose no sangue promove a liberação de um
outro hormônio, também produzido no pâncreas,
denominado glucagon. Insulina e glucagon são denominados
de hormônios contra-regulatórios, porque
se opõe um ao outro. Quando a concentração
de insulina cai, a de glucagon se eleva, ou seja,
quando os níveis de glicose no sangue são baixos,
o glucagon entra em cena. Ocorre que o glucagon
é um hormônio catabólico que irá quebrar tecido
para fornecer energia que o corpo necessita para
se manter. O glucagon irá promover a degradação
de glicose restante e de gordura e, como a construção
de músculos é secundária, será muito difícil
aumentar a sua massa muscular.
Mas como controlar a insulina a meu favor ?
Existem regras simples a serem seguidas para
que se utilize todo o potencial da insulina como
agente anabólico e anti-catabólico e evitar o arma-
zenamento de gordura.
a) Escolha corretamente os alimentos: consuma
alimentos de baixo índice glicêmico durante o
dia para manter energia constante na corrente
sanguínea, evitando a oscilação de insulina, o
que pode causar rompantes de fome, armazenamento
de gordura e hipoglicemia.
b) Como o exercício tem efeito tampão sobre a
insulina, você tem a possibilidade, de durante
o treino, fazer o uso de bebidas de alto índice
glicêmico como o Glico Dry, Glico Gel (linha
AGE), Gatorade e o Marathon. Estas bebidas
normalmente, além de glucose, são enriquecidas
com minerais e algumas vitaminas. Mas,
se o seu orçamento estiver em baixa, um copo
de água e duas colheres de chá de dextrose
será o suficiente para ajudar em dia de treinamento
rigoroso.
c) Já que, aproximadamente, até 90 minutos após
o término do treino, o corpo tem uma capacidade
enorme de absorver nutrientes, é muito
conveniente que se eleve os níveis de insulina
para aproveitar todo o seu potencial. Desta forma,
após o treino é importante que se continue
a ingerir líquidos energéticos e que se realize
uma refeição altamente protéica, muito baixa
ou zero em gordura e rica em carboidratos.
Esta fórmula é infalível para uma explosão de
insulina e aproveitamento de todo o seu potencial
para direcionar os aminoácidos diretamente para
dentro da célula muscular.
Lembre-se de que, nesta fase, a gordura também
tem a sua utilização otimizada pela insulina e
a LPL;, portanto não ingira gordura nesta refeição.
Gorduras também são importantes para culturistas,
principalmente as gorduras essenciais (EFAs),
mas este assunto é melhor discutido em nutrição.
Aprendemos como nos beneficiar naturalmente
deste poderoso hormônio, estimulando e
controlando a sua secreção na hora certa. Agora,
estudaremos como determinadas substâncias podem
auxiliar os culturistas a salientar os efeitos da
insulina indiretamente e também com a administração
de insulina injetável.
A primeira substância que analisaremos é o
cromo, um mineral relacionado com o metabolismo
da glicose e possivelmente um co-fator da insulina.
Experiências realizadas em ratos, com administração
de dietas baixas em cromo, promoveram
os sintomas de diabetes que desapareceram
após a administração deste mineral. Estimulada
por estas evidências, a indústria de suplementos
para atletas passou a propagar o uso de cromo
na forma picolinato, num esforço para salientar os
efeitos anabólicos da insulina. Pode ser que a administração
deste mineral funcione para pessoas
com deficiência de cromo, mas eu particularmente
não conheço nenhum estudo que comprove mudanças
significativas na composição corporal de
fisiculturistas que fazem uso de picolinato de cromo.
Talvez valha a pena suplementar a dieta com
este mineral.
A próxima substância é o vanádio, mineral que
entre outras atividades, exerce papel semelhante
ao da insulina (insulin-like effect), proporcionando
maior tolerância à glicose, influenciando o metabolismo
glicolítico e lipídico, além de diminuir a
concentração plasmática do colesterol. O vaná-
dio na forma sulfato vem sendo administrado por
culturistas com efeito melhor do que o picolinato
de cromo, afirma quem já utilizou os dois complementos.
O sulfato vanádio parece aumentar as
reservas de glicogênio intracelular, tornando os
músculos mais volumosos. Mas não é assim tão
simples; tal como a insulina, este mineral parece,
também, ter o poder de armazenar gordura. Desta
forma, o melhor é controlar o consumo de gordura
quando se administra este mineral.
A dose normalmente utilzada de sulfato vaná-
dio é de 30-45mg por dia, dividida em 3 ou 4 administrações
diárias após as refeições, para evitar
distúrbios estomacais e hipoglicemia. A superdosagem
é tóxica, ocasionando distúrbios gastrointestinais
e coloração verde azulada da língua. É
aconselhável, ainda, que a administração deste
mineral seja ciclada: 8 semanas de administração
e duas semanas de intervalo.
Acredito que necessitamos mais estudos científicos
comparativos entre estes dois minerais. Taí
uma boa idéia para tese de mestrado dos CDF’s.
O último recurso que analisaremos é o uso de
insulina injetável por atletas. Mas, antes de seguirmos
em frente, é primordial salientar que a administração
de qualquer medicamento deve ser realizada
sob a supervisão de um médico especialista,
o qual irá determinar as necessidades do cliente,
bem como regular a dosagem e/ou interromper a
administração. A auto-medicação é perigosa e em
se tratando de insulina, o erro poderá ser fatal.
As informações aqui contidas são baseadas
no que vem sendo utilizado por atletas que normalmente
têm um ótimo respaldo técnico, condições
de treino excelente e rigoroso controle nutricional.
Portanto, não brinque com a sua vida; este é o
bem mais precioso que você possui.
A insulina é um medicamento originalmente
utilizado por pessoas diabéticas porque não produzem
insulina em quantia adequada ou porque
as suas células não reconhecem a insulina. No
mundo do fisiculturismo, este hormônio está sendo
utilizado por aqueles que desejam aumentar
de volume muscular, bem como para definição e
densidade.
A insulina, como já estudamos, é poderosa
como agente metabolizador protéico, mas, em
contrapartida, pode estimular o armazenamento
de gordura. Sendo assim, como é que poderia ser
utilizada como otimizador de densidade e defini-
ção, principalmente antes das competições?
Explicamos já. Antes vamos estudar alguns
fundamentos:
Existem dois tipos básicos de insulina:
1) Insulina regular, que tem ação rápida e inicia
a sua atividade logo após a administração;
sua duração aproximada é de 6 horas, mas
o pico de ação fica entre 1 e 2 horas após a
aplicação.
2) Insulina lenta, que tem um tempo de ação
intermediário; seu efeito inicia cerca de 1 a 3
horas após a aplicação, atingindo um efeito
máximo entre 6 a 12 horas. Mas pode ficar no
sistema por aproximadamente 24 horas sendo
que este tipo de insulina é mais imprevisível
quanto ao horário de pico, podendo, ainda, ter
vários por dia.
Existem diferentes fontes de insulina: pode ser
de fonte suína, bovina, uma mistura de ambas e
humana. A insulina humana é idêntica em estrutura
àquela produzida pelo nosso pâncreas e difere
muito pouco das insulinas de origem animal. Mas
os atletas comentam que existem diferentes rea-
ções quando mudam a fonte de insulina. Todos os
tipos devem ser armazenadas na geladeira, mas
não congeladas e, também, precisam ser protegidas
do efeito da luz. Quando em desuso por várias
semanas, o frasco deve ser abandonado.
A insulina vem sendo utilizada em bases regulares
por atletas que desejam um benefício extra
deste hormônio. Estes atletas injetam a quantidade
certa na hora certa e mantém um controle nutricional
rigoroso para evitar hipoglicemia severa e
também armazenamento de gordura. O pâncreas
naturalmente já libera insulina quando aumentam
os níveis de glicose na corrente sangüínea, a fim
de manter um equilíbrio glicêmico. Mas, quando a
insulina extra é injetada, os níveis de açúcar podem
baixar muito e ocasionar a hipoglicemia. Se
um atleta desavisado fizer aplicação de insulina
logo de manhã cedo e só se alimentar de carboidratos
complexos, não terá glicose suficiente na
corrente sangüínea na hora em que a insulina der
o seu pico.
Os sintomas de hipoglicemia característicos
são: sudorese excessiva, fraqueza, perturbações
visuais, tremores, dores de cabeça, falta de ar,
náuseas, coma e a morte.
Para evitar tais sintomas, parece ser conveniente
o consumo de 10 gramas de carboidrato
simples (glicose) para cada UI (unidade internacional)
de insulina regular (lenta), administrada
cerca de 30 minutos após a injeção. Se um atleta
injetou 10 UI, meia hora após, ele consumiria
cerca de 100 gramas de glicose. Se o atleta tiver
fazendo uso de insulina lenta, deverá se alimentar
rigorosamente a cada duas horas e meia com uma
mistura de carboidratos para garantir o controle da
hipoglicemia. Ainda assim, deve se prevenir, levando
alimentos doses no bolso, tais como balas,
chocolates e pastilhas de glicose em caso de hipoglicemia
eminente. Lembre-se da característica
imprevisível da insulina lenta. A vantagem da sua
aplicação é que sempre que o atleta fizer uma refeição,
lá estará a insulina para drenar glicose e os
aminoácidos para dentro da célula.
É óbvio que o atleta não irá ingerir apenas
carboidratos; terá também, que manter uma dieta
rica em proteínas para que aproveite todos os
benefícios da insulina no armazenamento protéico.
O consumo de gorduras saturadas tem que
ser muito limitado, mas deverá ser garantindo o
consumo de gorduras essenciais (EFAs) como
os óleos de peixe. É conveniente lembrar que o
uso de insulina é incompatível com dietas pobres
em carboidratos (dieta muito preconizada recentemente
para fisiculturistas) o que evidentemente
ocasionaria rapidamente um quadro hipoglicêmico
e muito possivelmente a morte.
Um certo atleta de meu conhecimento resolveu
flertar com a insulina. Apesar de estar consciente
dos perigos, conhecer a correta dosagem
e os mecanismos de seu funcionamento, realizou
uma aplicação, numa determinada tarde de verão
do tipo 40 graus. Prostrado em função da aerobiose
que tinha feito no período da manhã e pelo calor
do verão, resolveu esperar os 30 minutos antes
da ingestão de carboidratos, que deveria seguir a
aplicação da insulina, no conforto de sua cama.
Cansado, caiu no sono e, quando percebeu, os
sintomas de hipoglicemia, que já estavam adiantados.
Começou a se debater na cama, mas não
podia movimentar-se a ponto de sair do quarto e
pedir socorro. Quando o pai, que estava na sala,
notou uma movimentação no quarto, correu e observou
o filho em péssima condição. Sem poder
melhorar o seu estado, rapidamente o levou para
o hospital mais próximo.
Segundo narrativas, o atleta já estava em
coma quando o seu parceiro de treino, notificado
do fato pela mãe do atleta, correu para o hospital e
esclareceu para que fosse injetada glicose, pois o
atleta havia administrado insulina . Por pouco não
foi a óbito. Vejam, poderia não haver ninguém na
casa ou mesmo um amigo confidente que pudesse
ajudar no diagnóstico e salvar uma vida. Muitos
outros atletas já passaram muito mal e estiveram
à beira da morte e outros, infelizmente, já se foram
desta vida em função do uso de insulina.
Moral da história: Mesmo conhecendo tudo
sobre o mecanismo da insulina,a droga apresenta
sérios riscos; o que dizer daqueles que não têm
qualquer conhecimento sobre a droga !!!
Mas, e o seu uso como droga pré-competição?
A insulina é utilizada junto com a dieta pré-
competição naquela fase em que o atleta realiza
a supercompensação de carboidratos após a fase
de depleção. Só para resumir: antes das competi-
ções, os culturistas sérios realizam uma dieta especial,
que consiste da depleção de carboidratos
por alguns dias. Nestes período (de 4 a 6 dias), os
atletas não consomem nenhum ou quase nenhum
carboidrato, enquanto continuam a treinar a todo
vapor e todo ou quase todo o glicogênio armazenado
no corpo é gasto. Há 3 dias da competição,
o atleta passa a ingerir generosas quantias de carboidratos.
Daí, o corpo depletado de carboidratos,
irá re armazená-los por um mecanismo natural de
auto-proteção: irá super-compensar as células,
tornando-as mais volumosas e os músculos mais
aparentes.
A insulina, neste caso, costuma ser utilizada
com o objetivo de drenar ainda mais os carboidratos
ingeridos para dentro da célula muscular.
Ocorre que se o atleta, nesta fase, não consumir
quantidades suficiente de carboidratos, irá competir
mais parecido com um faquir indiano . Por
outro lado, se consumir muito carboidrato, o excesso
acabará por reter líquido subcutâneo, o que
comprometerá a definição e assim o atleta poderá
parecer mais com um balão inflado ou com o
Fat Bastard do Austin Powers. A insulina poderá
garantir que todo o carboidrato consumido seja
drenado para dentro da célula, ocasionando um
surpreendente efeito quanto à definição e volume
muscular!
Mas lembre-se a insulina, neste caso, só é
utilizada na fase de supercompensação e jamais
quando houver depleção de carboidratos. Dieta rigorosa
e muito bem balanceada é fundamental.
Não faça loucuras.