METABOLISMO ENERGÉTICO
Ao realizar uma atividade física, o homem necessita de energia obtida
através dos alimentos. Como durante uma atividade física, geralmente, não se deve
ingerir alimentos, o organismo possui fórmulas de estocar reservas no citoplasma
de suas células, aguardando o momento de utilizá-las sob a forma de adenosina trifosfato
(ATP). O ATP é o componente básico para a contração muscular e o principal
indicador da exigência em que um músculo se encontra. Em condições ideais de
eficiência, o aparato locomotor transforma 25% de energia em trabalho e o restante
é dissipado em forma de calor (DOUGLAS, 2002).
Douglas (2002) afirma que os nutrientes podem ser considerados
como não geradores de calorias: água, sais, íons e energéticos ou produtores
de calorias como: carboidratos, proteínas e gorduras. De acordo com Mahan e
Disc. Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, Escott-Stump (2002), proteínas, lipídios e carboidratos são possíveis fontes de
combustível para a contração muscular. A via glicolítica é restrita à glicose, que
pode se originar do carboidrato proveniente da dieta ou pode ser sintetizada dos
esqueletos de carbono provenientes de certos aminoácidos através do processo
de gliconeogênese. O ciclo de Krebs é alimentado por fragmentos de dois
carbonos de ácidos graxos e esqueletos de carbono de aminoácidos específicos,
principalmente da alanina. Todos esses substratos são usados durante a maior parte
do tempo que dura o exercício. Contudo, a duração e a intensidade do exercício
determinam as taxas relativas de utilização dos substratos.
Segundo Sizer e Whitney (2003), os combustíveis que sustentam a atividade
física são a glicose, os ácidos graxos e, em pequena extensão, os aminoácidos.
O corpo utiliza diversas misturas de combustíveis em diferentes momentos,
dependendo da intensidade e da duração de suas atividades e, também, de seu
próprio treinamento prévio.
Geralmente, o corpo utiliza seus nutrientes conforme o tipo, a duração e a
intensidade da atividade física. A glicose armazenada do glicogênio muscular, por
exemplo, é um combustível importante para a atividade física. O glicogênio muscular
fornece a maior parte da energia que os músculos utilizam para entrar em ação,
durante um curto espaço de tempo e, à medida que a atividade continua, moléculas
mensageiras, incluindo o hormônio epinefrina,fluem para a corrente sanguínea, a
fim de sinalizar ao fígado e às células adiposas para liberarem os seus nutrientes de
energia armazenados, principalmente glicose e ácidos graxos. Assim, os hormônios
organizam-se para liberarem energia aos músculos e eles utilizam os combustíveis
que estão passando no sangue (SIZER; WHITNEY, 2003).
A palavra ergogênico é derivada das palavras gregas ergo (trabalho) e gen
(produção de) e é comumente definida como a melhora do potencial para a produção
de trabalho. Nos esportes, vários recursos ergogênicos são usados em virtude de suas
supostas capacidades de melhorar o desempenho atlético por meio do aumento da
potência física, da força mental ou da vantagem mecânica (WILLIAMS, 2002).
A utilização de suplementos nutricionais como recursos ergogênicos é
empregada por meio de manipulações dietéticas capazes de retardar o aparecimento
da fadiga e aumentar o poder contrátil do músculo esquelético e/ou cardíaco,
aprimorando, portanto, a capacidade de realizar trabalho físico, ou seja, o desempenho
atlético (CLARKSON, 1996).
Os principais efeitos desejáveis obtidos com o uso de suplementos
incluem: aumento das reservas energéticas, aumento da mobilização de substratos
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para os músculos ativos durante os exercícios físicos, aumento do anabolismo
protéico, diminuição da percepção subjetiva de esforço e reposição hidroeletrolítica
adequada (ALTIMARI et al., 2000).
As vantagens para o uso dos suplementos protéicos em relação à alimentação
tradicional são: ingestão protéica adequada se a dieta é inadequada, substituição
das fontes protéicas ricas em gordura, fonte protéica com convenientes preparações
e estocagem, armazenagem longa e estável, fonte adicional de energia,
além de permissão à adição de outros nutrientes para aumentar o valor alimentar
do suplemento (BERTOLUCCI, 2002).
Outra relevante questão colocada por Bacurau (2001) é a de que existe
um crescente número de suplementos sendo comercializado com propósitos
ergogênicos dos mais variados. Apesar de algumas evidências em determinadas
situações, infelizmente, a referência científica ainda é bastante escassa quanto ao
papel desses ergogênicos nutricionais.
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